8.11.07

Coisas que devemos saber: A liderança do Partido Comunista Chinês

Segundo remate sobre a história recente da China. Relembro que não tenciono descrever com precisão acontecimentos históricos mas apenas passar algumas das coisas que li, que fixei e que me ajudam a perceber este povo.

Nota: Todos as citações foram retiradas do livro Cisnes Selvagens.

Em 1948 o "exército do povo" começou a tomar conta das principais cidades que estavam sobre o comando do Kuomintang até que por fim expulsaram uns, mataram outros e “converteram” alguns. Em menos de 3 meses colocaram a China a carburar, dando mostras da sua organização, rigidez, capacidade trabalho e dedicação pela “causa”.
Na minha opinião, distante e moldada pela educação tolerante, “causa” está – ou estava? – para o Partido Comunista Chinês (PCC) como “fé” está para os extremistas religiosos. Ser comunista chinês não era ser, era querer ser, era um processo de aprendizagem que demorava tempo, exigia dedicação, devoção e exclusividade. Tinha que se saber sofrer e calar, ser duro e humilde. Acreditar. Com muita “fé”. Defender a “causa” acima de tudo. Tudo e todos.

Para além de mostrarem uma grande proximidade ao povo (na sua maioria camponeses) ainda faziam a China crescer, colocaram as fábricas a trabalhar, os campos a produzir mais, a comida e os bens mais distribuídos, no entanto, outros factores começaram também a ganhar dimensão no comunismo chinês, a saber, as reuniões de denuncia e as autocríticas publicas, onde a ideia era o castigo por comportamentos menos próprios de um comunista e promover o controlo detalhado da vida de cada membro. Neste último caso, todos controlavam todos e a menor “falha” perante a causa era denunciada e, muitas vezes, exacerbada. Também era comum utilizar estas denúncias para dar azo à inveja e a vinganças pessoais, onde algumas vezes pura e simplesmente se inventava.
Este controlo era rigoroso “A minha mãe foi intimada a traçar uma linha entre ela e os amigos. «Traçar uma linha» foi um dos mecanismos chave que os comunistas introduziram para acentuar a separação entre os «de dentro» e os «de fora». Nada, nem sequer as relações pessoais, eram deixadas ao acaso ou podiam funcionar livremente… Na altura, uma regra não escrita estipulava que nenhum revolucionário devia passar a noite fora do seu local de trabalho, a não ser ao sábado… Tens de obedecer ao partido mesmo que não compreendas ou não concordes com ele. Aquela era fundamentalmente uma revolução camponesa… Quem quisesse participar da revolução tinha por obrigação endurecer-se ao ponto de tornar-se imune às privações.”
De facto a vida dos revolucionários não era fácil nem se previa fácil, mas naquele momento o fim justificava os meios e o povo já sentia as diferenças - "O novo governo convidou os camponeses a virem vender os seus produtos na cidade, e encorajou-os a fazê-lo fixando os preços no dobro do que recebiam no campo. O preço do sorgo caiu rapidamente, de 200 milhões de dólares do Kuomintang o quilo para 4400 dólares. Pouco depois, um trabalhador médio podia comprar dois quilos de sorgo com o que ganhava num dia. Os comunistas distribuíam alimentos, sal e carvão pelos mais pobres. Outra coisa que conquistou a boa vontade da população local foi a disciplina dos soldados comunistas. Não só não se verificavam saques nem violações, como muitos demonstravam um comportamento verdadeiramente exemplar..."

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